quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Em busca do tempo perdido - as palavras que não significam nada

Pronto, mudei a imagem.

No youtube tem o filme, com o Jeremy Irons, baseado no Amor de Swann.

Quero ver, embora o bom seja ler. Nem é pela história. É pelas palavras, pelo jeito como são escritas, às vezes só porque são bonitas, às vezes pelo que significam. Por isso gosto de descrições: são boas na medida em que são bens feitas, mesmo que sejam sobre algo feio, algo inútil ou irrelevante.

Mas vejam, o Bloch, amigo do narrador, já disse algo assim, mas mais radicalmente:

-- Desconfia da tua dileção assaz baixa pelo senhor Musset. É um gagá dos mais maléficos e uma sinistra besta. Devo confessar que ele, e até o chamado Racine, fizeram cada um, em toda a vida, um verso muito bem ritmado e que tem em seu favor o que para mim é o mérito supremo: não significar absolutamente nada. Ei-los.

"La blanche Oloosone et la blanche Camyre
La fille de Minos et de Pasiphaé"


Isso não se lê em filmes.


Em busca do tempo perdido

Então, esse blog tá todo abandonado e zuado e eu nem vou me dar ao trabalho de trocar as imagens, por enquanto. Mas queria compartilhar com vocês o Proust que eu tou lendo. Ainda estou no Caminho de Swann, mas li "Um amor de Swann" (capítulo do meio) e agora voltei pro início. Esse livro é o que eu sempre quis: uma sequência de coisas lindas (ás vezes da uma canseira e tem uns trechos nem tão lindos) e intermináveis... tenho certeza que, nesse ritmo, vou demorar uns 5 anos pra terminar a obra toda.

Ontem eu achei essa passagem, que me lembrou o prefácio de Tu não te moves de ti, da Hilda Hilst.

Pois, se temos sempre a sensação de estar cercados pela própria alma, não quer dizer que ela nos cinja como os muros de uma prisão imóvel; antes somos como que arrastados com ela em um perpétuo impulso para ultrapassá-la, para atingir o exterior, com uma espécie de desânimo, ouvindo sempre, em torno de nós, essa idêntica sonoridade, que não é o eco de fora, mas o ressoar de uma vibração interna.

Postei lá no feice e ninguém curtiu. Bando de bobos.