quinta-feira, 28 de maio de 2009

Abandono

Então, eu não esqueci este blog e nem o livro, que tenho lido aos pouquinhos. Já estou no capítulo 9, vou voltar um pouco na leitura pra dar os pitacos. O problema é esse fim de semestre que me toma o tempo livre com baboseiras acadêmicas. Enfim, no fim de semana eu escrevo alguma coisa aqui.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Sistema Municipal de Bibliotecas

Depois de 6 anos passando na frente da Biblioteca Mario de Andrade eu finalmente resolvi me inscrever (tá, eu ainda não fui lá, mas já separei o comprovante de residência). E agora que eu descobri a maravilha que é o google reader, fico por dentro das novidades da prefeitura e volta e meia aparece algum evento legal.

Ah, eu tava escrevendo isso pra deixar o link do Sistema Municipal de Bibliotecas.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Zazie no metrô

Bom, eu tava decidida a escolher um livro de autor brasileiro. E ia escolher hoje. Tudo bem que ontem eu terminei de ler o do Daniel Galera, mas eu tinha em mente algo mais clássico pra fins de dar pitaco. Além disso, acho que faz uma cara que eu não leio algo decente feito por aqui. Mas aí eu ganhei um livro, eu nem tava esperando... E o livro é tão bonitinho, é uma edição comemorativa, meio artística - é verdade que as páginas são beeem molengas e isso pode ser um incômodo. Mas parece que já veio embrulhado pra presente! Vai ser esse mesmo. E já garanti que não é sobre livros, dá pra ver a resenha clicando no ícone à direita.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Se um viajante numa noite de inverno (fim)

Terminei de ler o livro há uns 4 dias. Não vim imediatamente dar pitaco na parte final por dois motivos: (1) minha primeira reação foi de espanto, aquela surpresa que faz a gente pensar: putaqueopariu, que livro fantástico; (2) seguindo essa sensação, veio uma onda de depressão e de nostalgia e eu fiquei com raiva de não ter prestado mais atenção e eu me senti incapaz de fazer qualquer pitaco finalizante. 

Anyway, vamos ao que interessa: na minha edição (Cia das Letras, 2003), há um apêndice com uma espécie de explicação feita pelo próprio Calvino sobre este livro e sobre as personagens principais, o leitor e a leitora. Ele assume (este texto é uma resposta a uma crítica, feita por Angelo Guglielmi) que a leitora foi criada para seduzir o leitor (não o personagem, o leitor de verdade...mas também seduz o leitor personagem...), sendo mostrada como alguém que ama a literatura, que está interessada no turbilhão de emoções que um texto pode provocar :

-Os romances que mais me atraem - disse Ludmilla - são aqueles que criam uma ilusão de transparência ao redor de um redemoinho de relações humanas tão obscuro, cruel e perserso quanto possível. (pág. 197)

Ou

Para essa mulher - continua Porphyritch, vendo com quanta atenção você lhe bebe as palavras -, ler significa despojar-se de toda intenção e todo preconceito para estar pronta a captar uma voz que se faz ouvir quando menos se espera, uma voz que vem não se sabe de onde, de algum lugar além do livro, além do autor, além das convenções da escrita: do não-dito, daquilo que o mundo ainda não disse sobre si e ainda não tem as palavras para dizer. (p. 243) 

E isso seduz o leitor (e eu confesso que comigo funcionou) porque ele se identifica com a leitora, se vê reconhecido e cúmplice. É verdade que essa constatação tira um pouco da magia do negócio, mas isso logo se supera.

Isso é tudo o que eu consigo falar. O último capítulo é emocionante: para um leitora meio desatenta como eu, a demonstração do modo como os capítulos de costuram foi incrível: eu até diminui a velocidade da leitura quando percebi o que estava acontecendo, sabem, pra não perder nadinha de nada. 

Pronto, esse foi meu primeiro pitaco. O livro foi escolhido ao acaso, mas foi bem adequado... De qualquer maneira, sem mais livros sobre livros por enquanto...

domingo, 10 de maio de 2009

Sobre Roderer

Em tempo: terminei de ler esse livro ontem. Lá pelas tantas identifiquei que o autor deveria ser argentino e que a história tinha sido escrita depois da guerra das Malvinas. E, depois de terminar, li a orelha e descobri que ele é matemático. Era previsível.

Nem curti muito.

Presentes

Meu primo me ligou ontem:
-- Diz uma coisa: tem algo que você esteja precisando que o seu primo te dê de presente? Uma roupa, um livro, tou rodando no shopping há duas horas...
(...)
Eu respondi:
-- Ah, se você quer resolver isso logo, um vale-presente de livraria vai me deixar feliz...

Mas a verdade é que é maaaais legal ganhar livros de presente. Ontem eu ganhei esse três aqui:

História de cronópios e famas, Julio Cortázar.

Até o dia em que o cão morreu - Daniel Galera.

E mais um, vindo direto de um sebo, sem capinha disponível na internet: Hospício é Deus, Maura Lopes Cançado.

O que eu mais gosto quando ganho livros é a sensação de intimidade. Assim: quando a gente dá pra outra pessoa um livro que gostamos, esperamos que ela goste também, que provoque nela as mesmas sensações que provocou na gente. E ninguém (bom, eu não faço isso) sai por aí dando o seu livro favorito de presente pra todo mundo. A gente escolhe.

sábado, 9 de maio de 2009

Duas canetas

Pra fazer justiça ao que escrevi nesse post aqui, segue trechinho de uma reportagem em que o Amos Oz fala sobre seus textos literários e políticos:

One way he marks the separation between the two forms of writing is by using two kinds of pen, one blue, the other black, that sit on his desk in the book-lined study of his home in this quiet desert town.

“I never mix them up,” he says of the pens. “One is to tell the government to go to hell. The other is to tell stories.”


fonte: NYT

É claro que o homem está anos-luz na minha frente.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Pra quem cansou da livraria Cultura...

Tá, não dá pra cansar pra sempre da livraria Cultura. Mas chega uma hora em que o eixo Paulista-Vila Madalena deixa a gente meio entediado... Deixando de lado as minhas razões off the record para não ser mais habituée da Cultura (que são muito diferentes das razões para evitar o Vegas e de natureza muito mais interessante, ok, nem é tão off the record), hoje eu descobri um lugar super bacaninha pra comprar livros e tomar café, perfeito pro domingo à tarde. O lugar se chama (eu acho...) Companhia da Leitura e fica na rua Vieira de Carvalho, 160 (isso eu tenho certeza), entre a praça da República e o Largo do Arouche. Apesar de não ter muito boa fama, essa rua é bonitinha, arborizada....A livraria tem uma parede de vidro e mesinhas que permitem ver o movimento na rua, livrinhos interessantes, tem até uma mesa redonda comunitária. O preço dos livros é o de livraria de bairro mesmo...

E como o penúltimo post eu escrevi ontem à noite, fiquei com a idéia fixa de ler um livro "no escuro". Perdoem a minha ignorância, mas eu não sei quem é Guilhermo Martinez. Gostei no nome, gostei do título e gostei da capa. Vai ser ele a cobaia.

É verdade que pelo nome do sujeito já dá pra ter idéia da onde ele é. Li umas 30 páginas e me fez lembrar muito o Mario Benedetti (tá certo que eu só li Quem de nós e pela metade) e um pouquinho o Guillermo Arriaga. Todos eles falam da amizade conturbada de dois adolescentes, sempre na voz do oprimido, enfeitiçado pelo outro, misterioso.

Se um viajante numa noite de inverno (5)

pag. 177 a 192

Este livro está me trazendo problemas. Tudo começou quando a Ludmilla se recusou a ir à editora com o leitor, por querer se manter afastada da produção dos livros, para ser apenas uma leitora. Ela não quer ter contato com escritores, gosta de pensar que os livros simplesmente nascem. Me pergunto se ela evita ler as orelhas dos livros, se lê sem ao menos saber da onde o autor vem e quando viveu. Nunca fiz isso, mas talvez seja um bom exercício. Eu poderia selecionar uns 3 livros de um autor cujo nome eu nunca ouvi antes e tentar descobrir quem e quando e onde... Mas o problema não parou aí. Ao visitar um escritor, a irmã de Ludmilla (Lotaria, anti-heroína total) pergunta a ele:

O que de fato é a leitura de um texto senão o registro de certas recorrências temáticas, certas insistências de formas e significados? (p. 191)

Foi nessa passagem que eu constatei a presença de um lapizinho verde na minha mão direita, sedento de trechinhos mencionáveis. Não que a leitura seja um prazer totalmente desinteressado. Aliás, sendo um prazer, por óbvio que há interesse (por isso a gente deixa de lado livros chatos e maçantes). Mas, me pareceu que o primeiro interesse, o da descoberta (Talvez a mulher que observo pela luneta saiba o que eu deveria escrever; ou talvez não o saiba, porque espera de mim justamente que eu escreva aquilo que ela não sabe, tudo o que ela sabe com certeza é sua espera, o vazio que minhas palavras deveriam preencher -p. 175) deixou de ser primeiro. E me angustiou pensar que não dá pra reler e tentar sentir o deslumbramento que o livro provavelmente pode provocar. Mas acho que muita coisa na vida é assim: até quando vi Guernica pela primeira vez numa gravura foi mais emocionante do que ver o mural em Madrid.

Não, não...estou sendo muito severa: ler Macunaíma pela segunda vez foi infinitamente melhor do que a primeira.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Se um viajante numa noite de inverno (4bis)

Se um viajante numa noite de inverno -Italo Calvino -Cia das Letras, 2003 - página 165 a 172

Como a obsessão do homem não se resume a papeizinhos que se multiplicam dentro de um canudo, tudo é refletido. Assim:

O plano da emboscada previa que entre as motos Honda que me escoltavam e o automóvel blindado em que eu viajava se introduziriam três motos Yamaha conduzidas por falsos policiais, que freariam bruscamente antes da curva. Segundo meu contragolpe, três motos Suzuki deveriam bloquear minha Mercedes quinhentos metros antes, simulando um sequestro. Quando vi meu carro acuado por três motos Kawasaki num cruzamento que precedia os outros dois, compreendi que meu contragolpe fora posto em xeque por um contracontragolpe cujo autor eu desconhecia.

Contracontragolpe é como metametalinguagem. Por algum motivo isso me lembra que toda vez que eu vejo a palavra prescinde eu preciso traduzi-la para "não precisa".

Se um viajante numa noite de inverno (4)

Se um viajante numa noite de inverno -Italo Calvino -Cia das Letras, 2003 - página 165 a ...

Li, li, ontem à noite. Só um capítulo: numa rede de linhas que se entrecruzam. Primeiro cumpre esclarecer o que eu deixei de falar, tendo lido tantas páginas que ficaram sem pitaco. Este livro é muitos livros, lidos pelo o que podemos chamar de personagens do livro principal. São trechos de livros que se confundem, não há o começo, meio e fim tradicionais. Este capítulo, em especial, é a narrativa de um homem sobre a sua obsessão por espelhos e caleidoscópios, por reproduzir imagens e reproduzir a reprodução, sem que se saiba, ao fim, o que é real e o que é simulação.  SPOIL - Me lembrou As ruínas circulares do Borges. Tenho mais uma coisa a dizer sobre isso, mas preciso ver a marcação que eu fiz. À noite eu volto.

domingo, 3 de maio de 2009

Parêntesis ainda...

Vou terminar de arrumar meu quarto hoje eu vou retomar a leitura do Calvino. Vou me justificar: há alguns meses passei a ter o hábito de passar semanas com a leitura interrompida e só voltar a ler quando o momento me parece adequado. É neste passo que está "A pantera no porão", do Amós Oz. Aliás, nem é muito bom. Acho que ele se dá melhor escrevendo ficções sobre relacionamentos antre homens e mulheres (Não diga noite, A caixa preta) e escrevendo não-ficções no jornal sobre Israel e Palestina. Assim como eu sou muito melhor em sonhar baboseiras do que tentar reescrevê-las de forma intelegível (deixam de ser baboseiras, mas também deixam de ser interessantes).