terça-feira, 5 de maio de 2009

Se um viajante numa noite de inverno (4bis)

Se um viajante numa noite de inverno -Italo Calvino -Cia das Letras, 2003 - página 165 a 172

Como a obsessão do homem não se resume a papeizinhos que se multiplicam dentro de um canudo, tudo é refletido. Assim:

O plano da emboscada previa que entre as motos Honda que me escoltavam e o automóvel blindado em que eu viajava se introduziriam três motos Yamaha conduzidas por falsos policiais, que freariam bruscamente antes da curva. Segundo meu contragolpe, três motos Suzuki deveriam bloquear minha Mercedes quinhentos metros antes, simulando um sequestro. Quando vi meu carro acuado por três motos Kawasaki num cruzamento que precedia os outros dois, compreendi que meu contragolpe fora posto em xeque por um contracontragolpe cujo autor eu desconhecia.

Contracontragolpe é como metametalinguagem. Por algum motivo isso me lembra que toda vez que eu vejo a palavra prescinde eu preciso traduzi-la para "não precisa".

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