quinta-feira, 2 de julho de 2009

Adeus, Columbus (2)

Ainda sobre A conversão dos judeus. Eu tinha selecionado um trecho, mas achei que o outro post já estava grande demais. É uma parte logo depois de o menino ter subido no telhado da escola, num ataque de fúria/revolta/sei lá o que:

Uma pergunta explodiu em seu cérebro. "Mas isso sou eu, mesmo?" Em se tratando de um garoto de trezes anos que havia acabado de chamar seu líder religioso de filho-da-puta, e duas vezes, a pergunta procedia. Cada vez mais alto, a pergunta se repetia para ele - "Sou eu? Sou eu?" - até que Ozzie deu por si não mais ajoelhado, e sim correndo como um louco em direção à beira do telhado, os olhos chorando, a garganta gritando e os braços agitando-se para todos os lados, como se não lhe pertencessem.
"Sou eu? Sou eu EU EU EU EU? Tem que ser eu - mas será?"
É a pergunta que um ladrão certamente faz a si próprio na noite em que abre com um pé de cabra sua primeira janela, e diz-se que é também a pergunta que o noivo dirige a si próprio diante do altar.
(...)
Porém, a cena lá embaixo resolvia todas as dúvidas, pois há um momento em qualquer ação em que a questão de você ser você ou ser outra pessoa se torna acadêmica. O ladrão enfia o dinheiro nos bolsos e sai pela janela afora. O noivo assina o livro de recepção do hotel, pegando um quarto para dois. E o menino no telhado se depara com toda uma rua cheia de gente olhando para o alto, para ele, pescoços esticados para trás, rostos levantados, como se ele fosse a cúpula do planetário Hayden. De repente você tem certeza de que você é você.

Eu gosto de questão de você ser você ou ser outra pessoa se torna acadêmica.

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