quarta-feira, 22 de julho de 2009

Primeiro Amor (1)

Bom, antes de começar, acho que é importante dizer que eu não sou fã em especial do Beckett. Na verdade, acho Esperando Godot um porre - ok, eu só vi uma montagem e não era grande coisa. Primeiro amor, porém, é um conto curto e foi - tenho até vergonha de confessar - um livro comprado pela estética da capa, dos desenhos do lado de dentro e por causa do título.
Quando li a primeira frase - Associo, com ou sem razão, o meu casamento à morte do meu pai, em outros tempos - lembrei, com ou sem razão, de Carta ao pai, do Kafka. Agora, é impossível deixar de confundir os dois livros e imaginar o narrador/personagem como um moleque franzino e intelectual. No fim, nem deve ser diferente disso: conforme se avança na leitura, percebe-se que se se trata de um verdadeiro solitário, que prefere passear no cemitério do que em parques. São impressionantes os preconceitos: não consigo, juro, por mais que tente, visualizar alguém como, digamos, o professor da minha academia, vagando sozinho por um cemitério e elegendo o seguinte epitáfio:

Aqui jaz quem daqui tanto escapou
Que só agora não escape mais

E assim não se vê quanta gente quer escapar.

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